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FUTURO POLÍTICO DA PENÍNSULA NAS NOSSAS MÃOS   FUTURO POLÍTICO DA PENÍNSULA NAS NOSAS MAOS/MANS
 
   
Durante o seu longo processo histórico, verificaram-se vários modelos de organização política da Península Ibérica. Variaram entre a existência de um único poder político peninsular, até à coexistência de mais de umazia de Estados independentes.   Durante o seu longo proceso histórico, verificaron-se vários modelos de organización política da Península Ibérica. Variaron entre a existéncia dun único poder político peninsular, até á coexisténcia de máis dunhacia de Estados independentes.
 
  • Nota: de um/uma -> dun/dunha. Em portugués a contracción dum (de + um) é optativa, e se ben relativamente frecuente o autor de este texto prefire non a usar. Vexa-se a nota sobre contraccións.
   
O modelo "visigótico" caracteriza-se por uma península unipolar. Existiu por pouco tempo (cerca de um século), quando os visigodos alargaram o seu poder a toda ela; repetiu-se imediatamente depois de concluída a conquista muçulmana (por um período de tempo ainda menor); e a última Ibéria unificada, a dos Filipes, é também historicamente breve (1580 - 1640).   O modelo "visigótico" caracteriza-se por unha península unipolar. Existiu por pouco tempo (cerca dun século), cuando/cando os visigodos alargaron o seu poder a toda ela; repetiu-se imediatamente depois de concluída a conquista musulmana (por um período de tempo ainda menor); e a última Ibéria unificada, a dos Filipes, é tamén historicamente breve (1580 - 1640).
 
  • Nota: Muçulmana -> musulmana, esta é unha das raras excepcións da regra ç -> z.
   
Igualmente, o modelo das "Taifas", com a península muito fragmentada, pelo aparecimento de uma multiplicidade de micro reinos (sobretudo islâmicos) durante o século XI, nem chega a atingir o fim desse século, com a chegada dos Almorávidas, que reunificaram politicamente o território islâmico.   Igualmente, o modelo das "Taifas", coa península muito fragmentada, polo aparecimento dunha multiplicidade de micro reinos (sobretudo islámicos) durante o século XI, nen chega a atinxir o fin dese século, coa chegada dos Almorávidas, que reunificaron politicamente o território islámico.
 
   
Estas duas situações extremas foram todas de uma duração breve, como se houvesse algo que impulsionasse para a fragmentação política, no primeiro caso, e para a unificação, no segundo.   Estas duas situacións extremas foron todas dunha duración breve, como se houvese algo que impulsionase para a fragmentación política, no primeiro caso, e para a unificación, no segundo.
  
   
Os modelos mais frequentes, mais duráveis e de maior estabilidade registaram-se com a convivência de várias (entre três a seis) unidades políticas e/ou administrativas. O exemplo clássico desse modelo, que poderemos designar por "romano", manteve-se nos 500 anos da existência do Império (3 a 5 províncias); regressou durante os últimos duzentos anos do final da Idade Média (5 reinos) até à unificação espanhola e à extinção do reino de Granada (1492).   Os modelos mais frecuentes, mais durábeis e de maior estabilidade rexistaron-se coa convivéncia de várias (entre trés a seis) unidades políticas e/ou administrativas. O exemplo clásico dese modelo, que poderemos designar por "romano", mantivo-se nos 500 anos da existéncia do Império (3 a 5 províncias); regresou durante os últimos ducentos/douscentos anos do final da Idade Média (5 reinos) até á unificación española e á extinción do reino de Granada (1492).
 
  • Nota: frequentes -> frecuentes. Esta é unha das poucas palabras portuguesas nas que no dígrafo qu antes de e pronuncia-se o u.
  • Nota: teve -> tivo. En portugués a terceira persoa de singular do pretérito perfeito do verbo ter (ter), e derivados, conxuga-se teve (tivo).
  • Nota: duzentos -> ducentos/douscentos. Segundo as NOMIG(97):
    As formas tradicionais duzentos e trezentos na lingua moderna foron substituidas polas máis transparentes douscentos e trescentos.
    Porén, no Dicionário da Língua Galega de I.A. Estravís, aparecen ambas as formas (ducentos e douscentos) como válidas.
   
Tratava-se de uma situação multipolar, em que as unidades por que a península se repartia dependiam principalmente do potencial que produziam e também do jogo estratégico das suas relações (no caso do período medieval). Todos os pólos tinham uma dependência política de um centro que lhes era exterior. De forma evidente quando Roma era capital do Império, de forma mais subtil quando esta passou a ser a sede da cristandade.   Trataba-se dunha situación multipolar, en que as unidades por que a península se repartia dependiam principalmente do potencial que produziam e tamén do xogo estratégico das suas relacións (no caso do período medieval). Todos os pólos tiñan unha dependéncia política dun centro que lles era exterior. De forma evidente cuando/cando Roma era capital do Império, de forma mais subtil cuando/cando esta pasou a ser a sede da cristandade.
 
   
O modelo a que chamamos "de Tordesilhas" prevaleceu, grosso modo, a partir da data (1494) em que foi assinado o tratado com o mesmo nome, até à actualidade. Traduz-se numa Ibéria bipolar (Portugal, um Estado nacional, e Espanha, um Estado plurinacional), em que os potenciais estratégicos dos dois países, bem diferentes na península, são exponenciados pelas fatias de mundo que, respectivamente, descobriram e colonizaram, de tal modo que se tornaram praticamente a principal, quase única fonte dos seus rendimentos. A progressiva ascensão de outras potências europeias, que lhes iam reduzindo os territórios de exploração, e as sucessivas descolonizações que se viram obrigados a fazer, enfraqueceram-nos.   O modelo a que chamamos "de Tordesillas" prevaleceu, groso modo, a partir da data (1494) en que foi asinado o tratado co mesmo nome, até á actualidade. Traduz-se nunha Ibéria bipolar (Portugal, un Estado nacional, e España, un Estado plurinacional), en que os potenciais estratéxicos dos dous países, ben diferentes na península, son exponenciados polas fatias de mundo que, respectivamente, descobriron e colonizaron, de tal modo que se tornaron praticamente a principal, cuase/case única fonte dos seus rendimentos. A progresiva ascensión de outras poténcias europeias/europeas, que lles ian reducindo os territórios de exploración, e as sucesivas descolonizacións que se viron obrigados a facer, enfraqueceron-nos.
  • dois -> dous
  • Nota; fatia: tallada, anaco (normalmente dun alimento).
 
   
A liquidação dos impérios coloniais produziu efeitos que permitem afirmar que o modelo de "Tordesilhas" (península bipolar) se encontra em crise. Que se deve também ao novo contexto surgido com o final da guerra fria - globalização, desaparecimento das fronteiras para os movimentos de pessoas, bens e capitais no interior da península, por efeito da pertença dos seus dois Estados à União Europeia, alinhamento estratégico idêntico nas principais questões internacionais, com a Espanha a voltar-se para o Atlântico quando tradicionalmente preferia o continente. Todos estes factores colocam desafios tais à organização política peninsular actual, que não admira que o modelo de Tordesilhas esteja a ser posto em causa.   A liquidación dos impérios coloniais produciu efeitos que permiten afirmar que o modelo de "Tordesillas" (península bipolar) se encontra en crise. Que se debe tamén ao novo contexto surxido co final da guerra fria - globalización, desaparecimento das fronteiras para os movimentos de pesoas, bens e capitais no interior da península, por efeito da pertenza dos seus dous Estados á Unión Europeia/Europea, aliñamento estratéxico idéntico nas principais questións internacionais, coa España a voltar-se para o Atlántico cuando/cando tradicionalmente preferia o continente. Todos estes factores colocan desafios tais á organización política peninsular actual, que non admira que o modelo de Tordesillas estexa a ser posto en causa.
  
   
Aqui chegados, três hipóteses se levantam: manter-se o modelo actual, apesar dos ataques violentos a que está a ser sujeito; ser substituído por um único Estado alargado a toda a península, pela absorção de Portugal pela Espanha; ou caminhar-se para um modelo do tipo romano, com uma ordem regional multipolar, constituída por três, quatro ou cinco unidades políticas independentes, em que as regiões espanholas com maior identidade nacional e mais ricas assumem o poder político, - Portugal, e, eventualmente: o remanescente do actual Estado espanhol, País Basco, Catalunha, Andaluzia e Galiza, todas dirigidas em parte por um poder regulador exterior à região (órgãos institucionais da União Europeia).   Aqui chegados, tres hipóteses se levantan: manter-se o modelo actual, apesar dos ataques violentos a que está a ser suxeito; ser substituído por un único Estado alargado a toda a península, pola absorción de Portugal pola España; ou camiñar-se para un modelo do tipo romano, con unha orden/orde rexional multipolar, constituída por tres, cuatro/catro ou cinco unidades políticas independentes, en que as rexións españolas con maior identidade nacional e mais ricas asumen o poder político, - Portugal, e, eventualmente: o remanescente/remanecente do actual Estado español, País Basco, Cataluña, Andalucia e Galiza, todas dirigidas en parte por un poder regulador exterior á rexión (órgaos institucionais da Unión Europeia/Europea).
  
   
Os actuais factores dominantes que, provavelmente, ditarão o sentido da evolução são: o desaparecimento das fronteiras, por via da UE; e, porventura, o posicionamento de cada um dos Estados peninsulares relativamente aos EUA, enquanto única superpotência, combinado com a forma como ela olhar para a península.   Os actuais factores dominantes que, provabelmente, ditarán o sentido da evolución son: o desaparecimento das fronteiras, por via da UE; e, porventura, o posicionamento de cada un dos Estados peninsulares relativamente aos EUA, encuanto/encanto única superpoténcia, combinado coa forma como ela ollar para a península.
  
   
O primeiro parece-me o decisivo. Em termos económicos, a Ibéria já é multipolar. Na Espanha, por virtude da artificialidade geométrica do seu centro político que surgiu apenas por motivos político-estratégicos, os grandes centros periféricos, onde a península produz riqueza, tendem a constituir pólos em competição. Esta competição pode conduzir à diminuição do poder político da capital, como parece estar a ser tentado. O que é susceptível de conduzir ao perigo de fragmentação, se as políticas do centro forem demasiado assertivas, típicas de quem está na defensiva, em vez de se limitarem às linhas essenciais, para a impedir. Muitos já prenunciam que o rei se transformará no único elemento unificador. As regiões centrais, mais pobres, que gravitam à volta do centro geométrico e deste facto beneficiam, reagirão.   O primeiro parece-me o decisivo. En termos económicos, a Ibéria xa é multipolar. Na España, por virtude da artificialidade xeométrica do seu centro político que surxiu apenas por motivos político-estratéxicos, os grandes centros periféricos, onde a península produz riqueza, tenden a constituir pólos en competición. Esta competición pode conducir á diminuizón/diminución do poder político da capital, como parece estar a ser tentado. O que é susceptíbel de conducir ao perigo de fragmentación, se as políticas do centro foren demasiado asertivas, típicas de quen está na defensiva, en vez de se limitaren ás liñas esenciais, para a impedir. Muitos xa prenuncian que o rei se transformará no único elemento unificador. As rexións centrais, máis pobres, que gravitan á volta do centro xeométrico e deste facto benefician, reaxirán.
  • Nota: diminuição -> diminuizón/diminución. Se ben que unha das regras básicas de leitura prescrebe substituir ção por ción, cumpre-me asinalar que a normativa de mínimos recomenda utilizar a terminación zón cando precedida por i, i.e. ição -> izón. As NOMIG(97) pola sua banda prescreben usar sempre a terminación ción.
   
A actual multipolaridade económica abrange Portugal, por força das regras da União. Terá de competir arduamente com os outros poderosos pólos existentes, como a Catalunha e o País Basco (no futuro, eventualmente outros), entre os quais Madrid, simultaneamente núcleo político. Portugal, relativamente aos restantes, com excepção de Madrid, tem a vantagem de ter também poder político, mas pode enfraquecer se perder a competição económica. O essencial depende do resultado do jogo económico, que está na mão dos portugueses com voz activa nas empresas, especialmente das nacionais. O Estado português apenas deverá limitar-se a fazer aquilo que os restantes Estados da UE fazem, seguindo o exemplo de Madrid. Ou seja, o futuro está nas nossas mãos. Poderemos ter as mesmas vantagens dos outros, caso saibamos aproveitar as oportunidades que se criaram pela abertura dos mercados à nossa ambição.   A actual multipolaridade económica abranxe Portugal, por forza das regras da Unión. Terá de competir arduamente cos outros poderosos pólos existentes, como a Cataluña e o País Basco (no futuro, eventualmente outros), entre os cuais/cais Madrid, simultaneamente núcleo político. Portugal, relativamente aos restantes, con excepción de Madrid, ten a vantaxen/vantaxe de ter tamén poder político, mais pode enfraquecer se perder a competición económica. O esencial depende do resultado do xogo económico, que está na mao/man dos portugueses con voz activa nas empresas, especialmente das nacionais. O Estado portugués apenas deberá limitar-se a facer aquilo que os restantes Estados da UE fan, seguindo o exemplo de Madrid. Ou sexa, o futuro está nas nosas maos/mans. Poderemos ter as mesmas vantaxens/vantaxes dos outros, caso saibamos aproveitar as oportunidades que se criaron pola abertura dos mercados á nosa ambición.
  • Nota: fazem (fan) é a terceira persoa de plural do presente do verbo fazer (facer).
   
As condições são-nos mais favoráveis que a Madrid. Enquanto este centro tenderá a perder poder político, por efeito do jogo económico, nós poderemos aumentá-lo, pelo mesmo motivo. Mas também poderemos perdê-lo. O que ditará o futuro.   As condicións son-nos máis favorábeis que a Madrid. Encuanto/encanto este centro tenderá a perder poder político, por efeito do xogo económico, nós poderemos aumentá-lo, polo mesmo motivo. Máis tamén poderemos perdé-lo. O que ditará o futuro.
Dispomos de vantagens que sobressaem. Uma é a recomposição do espaço, em termos de atracções e repulsões, propiciado pelo fim das fronteiras, em função, já não do factor político geométrico, mas sim do potencial de riqueza das regiões. O hinterland de toda a costa ocidental da península tenderá a ser atraído pelo mar, o que envolve grande parte da Estremadura e da região de Leon. O Norte português pode transformar-se num importante pólo de atracção do Noroeste Peninsular. Adoptemos nós políticas activas de ordenamento, que contrariem a lógica da centralidade geométrica, e promovam as ligações periféricas na península (também desejadas pelos outros pólos naturais) e as ligações directas à planície europeia, e às economias das duas margens do Atlântico (Norte e Sul) e dos países europeus para lá da Espanha. Além de sermos sagazes e eficientes no jogo político e económico de compensação e de afirmação, com os poderes que marginam o Atlântico, especialmente os EUA e o Reino Unido, além do Noroeste africano, Brasil e Angola, sem esquecer a Ásia.   Dispomos de vantaxens/vantaxes que sobresaen. Unha é a recomposición do espazo, en termos de atraccións e repulsións, propiciado polo fin das fronteiras, en función, xá non do factor político xeométrico, mais si do potencial de riqueza das rexións. O hinterland de toda a costa ocidental da península tenderá a ser atraído polo mar, o que envolve grande parte da Estremadura e da rexión de León. O Norte portugués pode transformar-se nun importante pólo de atracción do Noroeste Peninsular. Adoptemos nós políticas activas de ordenamento, que contrarien a lóxica da centralidade xeométrica, e promovan as ligazóns periféricas na península (tamén desexadas polos outros pólos naturais) e as ligazóns directas á planície europeia/europea, e ás economias das duas marxens/marxes do Atlántico (Norte e Sul) e dos países europeus para alá da España. Alén de sermos sagaces e eficientes no xogo político e económico de compensación e de afirmación, cos poderes que marxinan o Atlántico, especialmente os EUA e o Reino Unido, alén do Noroeste africano, Brasil e Angola, sen esquecer a Ásia.
  • Nota: O adverbio afirmativo si é en portugues sim.
   
Em suma, está nas nossas mãos que o futuro seja, no mínimo, a manutenção do actual modelo. Existem condições para o tornarmos menos assimétrico. Se as políticas assertivas de Madrid se acentuarem, poderemos ser confrontados com uma transição para uma multipolaridade complexa, susceptível de custos elevados, pelo que, para os minimizar, devemos prever que atitudes promover nesta hipótese. Não parece provável que alguém esteja interessado, muito menos tenha condições de impor um modelo unipolar, que seria desastroso para todos.   En suma, está nas nosas maos/mans que o futuro sexa, no mínimo, a manutención do actual modelo. Existem condicións para o tornarmos menos asimétrico. Se as políticas asertivas de Madrid se acentuaren, poderemos ser confrontados con unha transición para unha multipolaridade complexa, susceptíbel de custos elevados, polo que, para os minimizar, debemos prever que atitudes promover nesta hipótese. Non parece provábel que alguén estexa interesado, muito menos teña condicións de impor un modelo unipolar, que seria desastroso para todos.
Se formos sábios e prudentes, manter-se-á o actual modelo bipolar mas menos desequilibrado, em que Portugal conviverá com um Estado espanhol despojado de muito do seu poder económico e politicamente mais débil.   Se formos sábios e prudentes, manterá-se o actual modelo bipolar mais menos desequilibrado, en que Portugal conviverá con un Estado español despoxado de muito do seu poder económico e politicamente máis débil.

 
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José Ramom Flores d'as Seixas25-07-2004